JOGOS | ANÁLISE

Review | DEATH STRANDING: A entrega em suas mãos

Vitor Fumagalli03 de abr. de 2021Atualizado em 03 de abr. de 2021

E aqui estamos com um dos lançamentos mais aguardados dos últimos anos que teve seu lançamento em 8 de novembro, DEATH STRANDING, do lendário desenvolvedor Hideo Kojima, conhecido principalmente por sua aclamada série Metal Gear Solid. Antes de seu lançamento, houveram piadas com relação ao jogo de ser um simulador de caminhada, isso se intensificou com as análises controversas que foram lançadas, variando de 10 à 3, notas com uma disparidade absurda. Certamente um jogo controverso para o público, nessa análise, sem spoilers de seu enredo, apenas com conteúdos divulgados em TRAILERS e materiais promocionais, iremos embarcar nesse bizarro mundo criado pela mente de Hideo Kojima.

Imagem: Divulgação

Em primeiro lugar, o que é DEATH STRANDING? É um jogo de mundo aberto situado após eventos apocalípticos. Fácil. Mas e todas aquelas bizarrices dos trailers? Isso é já um pouco mais complicado, apenas jogando para se entender tudo, e sim, é possível entender a história que Kojima quis passar. Um resumo sem spoilers: o DEATH STRANDING foi um evento que deixou a civilização na beira da extinção, o Mundo dos Mortos está unido ao Mundo dos vivos; você joga como Sam Porter, um portador, que é responsável por fazer entregas entre diversos estabelecimentos espalhados pela América. Após alguns acontecimentos na história, você terá a missão de reconectar a América à rede quiral, uma rede que englobará todo o continente para manter os estabelecimentos conectados para recuperarem pessoas e conhecimentos perdidos após o DEATH STRANDING em uma campanha que poderá chegar a 40 horas, e umas duzentas se quiser o 100%.

Imagem: Divulgação

A trama de DEATH STRANDING é, em sua maioria, incrível, com comentos tocantes, tensos, digo em sua maioria, pois, em alguns pontos o diálogo é, um tanto quanto, cliché. Um ponto extremamente positivo para a narrativa são seus personagens que são interpretados por grandes astros; Sam é interpretado por Norman Reedus, por exemplo; vários outros atores estão no jogo, como Mads Mikkelsen, que por sinal, fez um trabalho impecável. Esses dois são amigos de Kojima, que acreditaram na ideia e caíram de cara nesse universo fascinante e bizarro, o resto do elenco também é incrível, Mama, Heartman, Die-Hardman, Deadman, todos estão espetaculares; já os personagens secundários não são tão memoráveis, talvez você se lembre deles pelo ódio do caminho até eles.

Com relação à parte técnica do jogo, que separarei em duas partes, gráfico e ambientação, e depois, a parte mais complicada dessa análise para vocês, o gameplay de DEATH STRANDING. Começando com a parte da otimização e polimento, eu digo que é impecável, em toda a minha gameplay, da história principal às secundárias, somando um total de 100 horas de jogo, encontrei no máximo UM BUG, que foi um mau posicionamento da carga, algo que foi só trocar uma opção no inventário e resolveu, depois disso, nenhum outro. Parte gráfica, incluindo os cenários, não há muito a se comentar, é bela, os efeitos da chuva temporal, as distâncias, efeitos de neve, tudo é muito bem feito; um detalhe notável é a qualidade com que o jogo roda num PS4 normal comparado com o PS4 PRO, poucas diferenças de performance.
Antes de entrarmos na parte no quesito gameplay, gostaria de deixar essa parte dedicada à ambientação e trilha sonora, que, veem se destacando desde os trailers do jogo. O mundo é vazio, solitário, silencioso, mas essa é a intenção (com um propósito de gameplay que explicarei depois), as paisagens devastadas, o mundo aberto para você explorar tem como objetivo te deixar se questionando “o que houve com isso”? E a trilha sonora não deixa a desejar, são músicas calmas com uma característica mais, eu diria, introvertida, para uma reflexão e relaxamento, e também recomendo muito que baixe todas em sua playlist, não irá se arrepender; as principais bandas usadas são Low Roar, Silent Poets e, CHVRCHES; a trilha original foi composta por Ludvig Forssel. Elas tocam em diversas partes da história e cada um desses momentos ficará em sua mente até os créditos do jogo.

Imagem: Divulgação

E agora chegamos na parte complicada da análise, farei uma explicação direta sobre os sistemas do jogo, depois o positivo e negativo da gameplay de DEATH STRANDING. Seu objetivo no jogo é fazer entregas, por isso as piadas com simulador de correios, 90% do jogo é ir de um ponto A à um ponto B para realizar a entrega para outros estabelecimentos e upar os mesmos com o objetivo de abrir margem para outros equipamentos. Olhando assim, parece ser um jogo chato e sem graça, mas o brilho do jogo está no caminho; você poderá usar escadas, cordas, pontes e outros diversos tipos de construções ao longo da história para ajudar a percorrer essas distâncias. O mundo é vazio por isso, para dar essa liberdade ao jogar para construir o que bem entender, onde bem entender.
Sua carga, que inclui suas armas e equipamentos, são colocadas em suas costas, que tem um limite para você carregar, é possível aumentar esse limite; o gerenciamento de seu equipamento é importante, você poderá construir coisas para ajudar no transporte, sejam veículos ou suportes melhores. As mecânicas de tiro e de direção do jogo não são tão complexas quanto as a pé, mas não chegam a ser péssimas, são ok. O jogo demanda que você estude o cenário, procure rotas alternativas para o melhor transporte possível da carga, ou então, que você construa escadas ou o que for para atravessar o cenário com sucesso. Com tudo isso em mente, entra o fator online de DEATH STRANDING, que é extremamente bem executado; Kojima classificou seu jogo num novo gênero, o “Strand”, esse conceito se aplica bem aqui, o jogo é singleplayer, apenas você em seu mundo, mas não significa que esteja sozinho na rede quiral. Você poderá deixar uma escada num lugar x, por exemplo, essa mesma escada será visível para outros jogadores que passarem por ali e vice-versa; cargas que outros jogadores derrubaram você poderá pegá-las e entregar, ganhando likes, o xp do jogo, tudo o que outros fazem você pode se aproveitar, e também, ajuda-los em suas jornadas, a interação com outros jogadores é divertida, mesmo que sem encontra-los.
Para finalizar a questão do gameplay, positivos e negativos; o jogo pode ser viciante para aqueles que mergulharem no mundo pós-apocalíptico, dominando seus sistemas, rotas e cenário para um conhecimento geral e melhor performance nas entregas é bem satisfatório, a movimentação e capricho também colaboram com essa satisfação, mas ai que entra o problema, ela é demorada e dura para se conseguir, quase como um trabalho. Para aqueles que não curtirem a proposta, será algo chato, tedioso e frustrante, eu mesmo que adorei o jogo, tiveram momentos que pensei “Kojima é um gênio”, em outros, “ai meu deus, de novo isso?!”. Qual lado está certo? Boa pergunta, é normal não gostar de algo, muitos acreditam que poderia ter sido algo mais grandioso, está tudo bem em não gostar de DEATH STRANDING, mas creio não ser correto em diminuí-lo apenas para um “simulador de correios”, zombar de quem gosta desse estilo; a mensagem principal que Kojima quis passar é de união, conectar as pessoas na adversidade, o que podemos tirar disso? Não se afastem, não se xinguem; discutam, entendam, reflitam.
Por fim, DEATH STRANDING foi um título bem controverso para o público, por mais que pessoas gostem ou não, é algo diferente no mercado de games. É um jogo que recomendo a todos testarem, talvez goste, talvez não, está errado? Não, não está, já que ele não é um jogo para todo mundo, creio que parte do erro foi um pouco do marketing que vendia ele como se fosse. É uma experiência com personagens e momentos marcantes que serão discutidos por anos a vir com uma mensagem bonita num mundo destruído numa jornada inesquecível.

DEATH STRANDING

Lançamento:08.11.2019

Publicadora:Sony

Desenvolvedora:Kojima Productions

Gênero:Ação furtiva

Plataformas:PlayStation 4

Nota do avaliador:

Ótimo