Ahsoka Tano (Rosario Dawson) é uma das Jedi mais queridas de todo o universo Star Wars e, funcionando praticamente como uma continuação de Star Wars Rebels após os eventos de Star Wars O Retorno do Jedi, as expectativas em relação a nova série são altas. Logo de cara, então, é importante destacar, os dois primeiros episódios atingem a essência do universo (ou melhor, galáxia) criado por George Lucas.
O primeiro episódio, de 55 minutos, opta por explorar as nuances dos personagens. Apesar de haver cenas de lutas (aliás, muito boas), o roteiro demora um pouco mais para se desenvolver. A morosidade, no entanto, não é atoa. A série é permeada por uma nostalgia, pela ideia de reviver a tal galáxia distante, carregando consigo o legado Jedi, suas dores, derrotas e a tentativas de ser o que um dia já foi. Tal atmosfera se traduz em Ahsoka, que pode viver todos esses estágios e presenciar, na figura de Anakin, a tragédia de tal narrativa.
Ora, em termos gerais, Ahsoka transmite uma aura que pouquíssimos personagens puderam adquirir. Por isso, a morosidade que o primeiro episódio propõe, traz o peso desse legado que se depara com a rebeldia de Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo). Esse é um ponto importante, pois Ahsoka e Sabine carregam certa dor - e por que não dizer mágoa - uma da outra, mas que estão dispostas a deixar de lado. Nesse sentido, o motivador desse encontro é a possibilidade de que Ezra Brigder (Eman Esfandi) esteja vivo, e a tentativa de impedir que o Almirante Thrawn retorne.
É aqui que a série conquista - mais ainda. O convite de Dave Filone, idealizador de ‘Ahsoka’, é de navegar pelos mistérios de Star Wars e, se necessário, para além da galáxia distante. O que isso quer dizer? Quer dizer visitar novas galáxias. E não só isso, falar sobre o passado de civilização (quem sabe) até mesmo pré Jedi.
O que parecia propor um desenvolvimento lento no primeiro episódio, passa a ser um grande chamado para a aventura que, ao mesmo tempo, se reconcilia com o passado de cada personagem. É emocionante e poderoso. Para fechar com chave de ouro, o segundo episódio se vira para o espectador e diz: “aperte o cinto”.
Cabe então, uma nota de lamento. Acredito que Ahsoka será, de fato, uma grande história. Que o universo de Star Wars será expandido para um além mar que os três últimos filmes (episódios VII, VIII e XI) não conseguiram e que, pelo contrário, causam desafeto em muitos fãs. Seria ótimo apagar esses filmes do cânone, né? E continuar com as séries. Enfim, deixemos isso de lado, pois o que se ergue agora pode ser muito maior!