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Opinião | "Gen V" peca na originalidade, mas fecha primeira temporada com saldo positivo

Nova série do Prime Video chega ao fim depois de oito episódios

Geraldo Campos 03 de nov. de 2023Atualizado em 03 de nov. de 2023

A primeira temporada de Gen V, série spin-off de The Boys, chegou ao fim nesta semana após o episódio oito. Com saldo positivo, a expansão desse universo, que faz uma grande sátira aos heróis tradicionais, consegue somar aos elementos que haviam sido desenvolvidos durante as três temporadas passadas de The Boys. Por outro lado, tropeça em criar uma atmosfera própria aos novos personagens, parecendo uma grande skin dos "Seven"; neste caso, chamado de "Guardiões de Godolkin".

Bem resumidamente, Gen V conta a história de Marie Moreau (Jaz Sinclar), uma jovem que ingressa na Universidade de Godolkin, própria para supers. Depois de uma série de eventos, porém, ela e seus "colegas de sala" descobrem uma grande conspiração envolvendo experimentos viscerais em supers nos porões da faculdade, administrados pela Vought.

O plot da série é bem bacana, e gira em torno de um mistério que envolve um lugar chamado "floresta" e o suicídio do aluno mais promissor para, posteriormente, entrar ao "Seven". No final de contas, nenhuma das duas revelações é tão grandiosa assim, mas os acontecimentos paralelos são interessantes e o que de fato faz a série cativante.

Os personagens são muito carismáticos, sobretudo Emma Meyer (Lizzie Broadway), que é quem segura os três primeiros episódios. Sim, se a série tivesse apenas seis episódios, estava de bom tamanho. A temporada chega a apresentar personagens que simplesmente não utiliza.

Cate Dunlap (Maddie Philips), Jordan Li (Derek Luh e London Thor) e Andre Anderson (Chance Perdomo), que orbitam Moreau, possuem núcleos de desenvolvimento, por vezes, mais instigantes que a de nossa protagonista. Como de praxe em The Boys, cada um deles acaba trazendo uma crítica social - inclusive Emma -, de forma a enriquecer o roteiro. Faltou, no entanto, um clima de universidade. A faculdade acaba parecendo um prédio da Vought a céu aberto, e essa falta de tom próprio, acaba tornando a série sem identidade - ou melhor, ela simplesmente recicla o tom de The Boys.

Quando a história "dá partida", lá para o quarto episódio, ela caminha bem e para um final muito satisfatório, com participações que, para além de especiais, são coerentes com a trama. abrindo um gancho promissor para o futuro do universo.

É claro que toda a violência esperada está presente, bem como a paródia do extremismo político, patriotismo e discurso de ódio. Esses são os tópicos que, na verdade, são os mais legais, pois apesar de sutis, fazem com que os conflitos aconteçam ao tensionarem os valores morais dos "heróis", além de produzir uma relação de identidade com o expectador, por se tratar de temas atuais da sociedade.

Gen V entrega o esperado fazendo o arroz e feijão da fórmula conhecida de The Boys, fundamentada na desconstrução da imagem do super-herói perfeito e dos valores morais absolutos. Falta a originalidade de criar um tom próprio mais próximo da ideia de 'adolescentes ingressando na faculdade'. Por outro lado, entrega um desfecho emocionante e promissor para o desenvolvimento de novas histórias ao estilo The Boys.