"The Witcher" tornou-se uma série de peso no catálogo da Netflix, e em dezembro deste ano (2021) ganhará sua esperada segunda temporada e já com a terceira confirmada. A jornada de Geralt de Rívia, criada por Andrzej Sapkowski, ganhou uma grande guinada com os jogos da CD Projekt Red, e expandiu seus tentáculos com a série. Mas, depois do sucesso da primeira temporada, o que podemos esperar para dezembro?
O que funciona e Não funciona em The Witcher?
O universo de "The Witcher" é extremamente vasto e recheado de elementos complexos dos quais nenhuma plataforma, fora a dos livros, soube investigar tão bem quanto o terceiro game da CD Project Red. Nesse ponto, a segunda temporada parece tentar se aproximar um pouco mais dos elementos presentes no jogo de 2015 (The Witcher: Wild Hunt) como visto no teaser liberado no dia 9 de julho.
No geral, a primeira temporada é cheia de altos e baixos, principalmente para os fãs dos livros. O episódio que adapta o conto "O Limite do Impossível", no qual é apresentado o personagem Borch Três Gralhas, está infinitamente aquém do que se poderia esperar. Em paralelo, a adaptação de "O Último Desejo" em que Geralt e Yennefer se conhecem, é bem empolgante.
Mas então esbarramos aí em outro problema, o arco e desenvolvimento de Yennefer. Apesar de ser uma das melhores personagens desse universo, ela acaba drenando muito do tempo de tela de Ciri e Geralt. E entramos em outro problema: a relação de Geralt com Ciri.
Na verdade mesmo, essa relação não chega a existir efetivamente, ela só vai existir na segunda temporada. Para quem leu os livros sempre vai ser assombrado de, involuntariamente, comparar com a obra original. Nesses termos, o encontro de ambos personagens ao fim da primeira temporada, chega a ser completamente sem sentido, sendo que não havia existido, segundo a série, nenhum tipo de contato entre os dois no passado, e, ao fim do primeiro episódio, eles se abraçam como um reencontro.
Nos livros, os acontecimentos são mais espaçados. Geralt e Ciri começam a desenvolver uma profunda relação quando ela se perda na Floresta de Brokilon, no segundo livro de contos "A Espada do Destino". E esse mesmo encontro nos livros acaba tendo muito mais presença e poder justamente por se tratar do reencontro que trará início a jornada de Ciri com seu mentor à Kaer Morhen.
Nesse aspecto outro ponto negativo: A adaptação da Floresta de Brokilon é de todas as formas possíveis dissonante com a descrita no livro. Toda a magia, mistério e perigo que envolve a floresta e as Dríades, se perde em questão de segundos.
Henry Cavill sim, brilha como Geralt. Parrudo, sério, mas com um toque bem leve de humor, conduz cenas de ação ótimas, e conquista a empatia do público mesmo com suas teóricas características emocionais, que afastam um bruxo dos sentimentos humanos.
O que entristece em relação à Geralt é o fato de seu medalhão ser subtilizado. Tanto nos livros quando nos games o medalhão vibra ao identificar presença de magia, e na série isso é esquecido. Além disso, os sinais poderiam ser mais bem utilizados, mas fica limitado ao Aard e Quen.
Ciri cumpre bem seu papel, sem grandes ressalvas, obviamente que seria muito mais interessante se ela interagisse mais com Geralt. Quanto à Yennefer, existe uma tentativa de torná-la uma protagonista ao lado de Ciri e Geralt, que funciona, mas não é tão bem-vinda assim.
O Que Esperar da segunda temporada de The Witcher?
O trailer de segunda temporada de The Witcher está praticamente dividido ao meio. Na primeira metade temos Geralt apresentando Cirilla à Kaer Morhem e os demais Bruxos, inclusive Vesemir, que lembra muito o visual dos games. Junto disso, é apresentado uma Ciri mais madura e em treinamento para tornar-se uma Witcher.
O trailer apresenta também o enfeitiçado Nivellen, do conto "Um Grão de Veracidade" do primeiro livro de contos. É um dos melhores contos da franquia The Witcher. Claro que a expectativa para ver isso em série é imensa, e se espera uma adaptação mais digna que aquela do Dragão Dourado. Pode-se ter também uma luta bem interessante entre Geralt e uma Lâmia; clássico nos jogos e extremamente empolgante nos livros.
Além disso existem alguns rumores que Eskel poderá morrer logo em sua estreia na série, o que seria muito infortúnio, tendo em vista que ele é o maior amigo de Geralt. Sem dúvidas, será muito interessante entender mais da cultura dos Bruxos através do ponto de vista da série, apresentando, e por que não, até novas escolas de bruxo, já mencionadas por outras mídias ou até inéditas.
A outra metade está dedicada à Yennefer, sua relação com Geralt e uma possível parceria entre ela e Fringilla, partindo exatamente de onde termina a primeira temporada. Tudo ali parece muito fraco, e divaga do plot principal, que é o treinamento de Cirilla, e a forma com que Geralt irá desenvolver sua relação "paterna" com ela.
Talvez surja uma maior aproximação de Yennefer até mesmo com os Reino de Nilfgaard, o que fará com que ela se afaste no primeiro momento do Bruxo.
No terceiro livro, "O Sangue dos Elfos", Triss Merigold acaba encontrando Cirilla treinando nos arredores do castelo de Kaer Morhen, o que faz com que ela se junte aos bruxos. Nos livros é revelado que Triss é apaixonada por Geralt, e quem sabe isso também seja desenvolvido na série.
Enfim...
As expectativas, analisando o trailer, não são tão boas. São poucas as dúvidas que as cenas de ação serão ótimas, mas, assim como na primeira temporada, o fio condutor do universo (Geralt e Cirilla) poderá se perder se outros núcleos menos importantes tomarem o tempo de tela dos reais protagonistas.