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Análise | Duna

'Duna' tem todo o poderio para se estabelecer como uma das maiores franquias cinematográficas da Warner.

Geraldo Campos28 de out. de 2021Atualizado em 03 de nov. de 2021

Inspirado no livro de Frank Herbert, 'Duna', um dos maiores romances literários de ficção científica, quiçá o maior, recebe sua adaptação pela Warner aos cinemas. Dirigido por Denis Villeneuve (A Chegada), e estrelado por Timothée Chalamet como o protagonista Paul Atreides e Zendaya como Chai, 'Duna' chega como o grande nome da ficção científica para as telonas em 2021.

Roteiro

Paul Atreides é filho do Duque Leto Atreides e sua mãe Lady Jessica. Eles compõem o arauto da Casa Atreides, uma das mais influentes do império, que rivaliza com a Casa Harkonenn desde muito antes de os eventos de 'Duna'. Os Atreides governam o planeta oceânico de Caladan, mas são, por ordem do imperador, transferidos para o planeta Arrakis, até então comandada pelo Barão Vladmir, da Casa Harkonenn.

Arrakis, apesar de um ser um planeta dominado pelo deserto, é fonte exclusiva no universo de Melage. Essa substância contem psicoativos utilizados pelo povo nativo que aprendeu e se adaptou ao deserto, chamados de Fremen. Essa população passa a ser oprimida pelo Império e durante todo o comando da Casa Harkonenn em Arrakis, pois essa especiaria também é crucial para os Navegadores da Guilda Espacial, que precisam do melage para viagens interespaciais. Com isso, os Fremen estão em constante combate contra os Harkonenn.

Nesse emaranhado é que surge Paul Atreides, jovem talentoso, estrategista e com todas as qualidades de um líder. Paul também possui habilidades sobre-humanas, herdadas de sua linhagem, mas que ainda exerce pouco controle.

Grande mérito do filme é estabelecer seu universo de maneira magistral. 'Duna", neste primeiro momento, não está preocupado em fazer cenas frenéticas de ação, e sim, obstinado em criar o alicerce para que dali emerja um Épico.

Duna/Warner/Divulgação

Toda a fotografia, figurino, cenários, a escala do tamanho das naves e palácios, e a ignominia que os antagonistas impõem, somadas a fantástica trilha sonora do ilustrem Hans Zimmer, contribuem efetivamente para o Épico. Todo o filme, é, em sua estrutura, um grande "Chamado para a aventura", se analisarmos sobre a ótica da "Jornada do Herói". Pois, ao final do filme, a sensação é exatamente de que "agora sim a Jornada começará".

Isso não faz do longa monótono ou cansativo, são duas horas e meia que passam bem rápido, principalmente pela densidade do longa, pois sim, é um filme denso, carregado, mas de forma positiva.

Personagens Fortes

Desde a construção de seu protagonista, até o desenvolvimento de seus personagens coadjuvantes, 'Duna" estabelece todos muito bem. Ducan (Jason Momoa) e Gurney (Josh Brolin), apesar de pouco tempo de tela, conseguem criar boa empatia com espectador, bem como Lady Jessica (Rebecca Ferguson) que divide cenas ótimas com Paul.

Timothée Chalamet, sobretudo, entrega um grande protagonista. Ele pode parecer, nos segundos iniciais, um personagem que passaria por esquecível e de pouco impacto, mas isso em poucos minutos de tela se reverte completamente num personagem interessante, enigmático e surpreendente em vários aspectos.

Duna/Warner/Divulgação

O visual do Barão Vladimir também marca muita presença, colocando-o como uma real ameaça. Na verdade, é bem interessante ver o contraste de cada uma das Casas, das quais duas possuem grande atenção: a Casa Atreides e Harkonenn. Também é apresentado os combatentes de elite do império, os Sardaukar, da Casa Corrino.

Chai (Zendaya) não é tão explorada assim no longa. É mostrado nitidamente que ela virá a ser muito importante nos filmes que se seguirão, mas nesse primeiro momento sua participação é pequena, mesmo que ela seja peça central das visões de Paul.

Outro recurso que funciona muito bem no longa é o Shai Hulud, ou "Os vermes da Areia". Quando o "mostro" está em cena é de fato impactante, mostra grande poderio destrutivo e fica pairando como uma ameaça constante e implícita em toda a segunda metade do filme.

Duna/Warner/Divulgação

As Bene Gesserit detém uma presença bem intimidadora, e fica clara sua influência no império. Elas também promovem uma das cenas mais agonizantes do longa, e de peso dramático forte, que agrega muito valor as virtudes de Paul. Muito provavelmente elas serão exploradas com mais avidez nas continuações, mas sua introdução já coloca respeito.

Não existe em 'Duna' algo que incomode, que parece muito falho ou ruim. Denis Villeneuve faz um trabalho muito redondo, muito prazeroso de se apreciar. Os diálogos são bons, não existindo nada que soe forçado, toda estética e fotografia funcionam muito bem, por vezes até, a fotografia do deserto lembra um pouco "Mad Max" (2015); se existe algo que fica um pouco aquém são as cenas de luta, que possuem muitos cortes e ficam sem fluidez, porém, assistindo ao todo do longa, percebe-se que essa não era parte da prioridade.

Considerações Finais

'Duna' chega com muita força aos cinemas. De fato, a Warner tem em mãos instrumentos preciosos para se construir a partir de agora uma grande franquia. Com o universo introduzido de maneira brilhante, e com atores que se encaixam com naturalidade em seus papéis, 'Duna' é uma grande alegria para todos os admiradores da sétima arte.

Duna

Ano:2021

Empresa:Warner

Gênero:Ficção Científica/Aventura

Direção:Denis Villeneuve

País de Origem:Estados Unidos

Duração:2h 35min

Nota do avaliador:

Excelente