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Análise | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Finalmente a Marvel incorpora o real símbolo da aranha em Tom Holland

Geraldo Campos16 de dez. de 2021Atualizado em 16 de dez. de 2021

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, o tão esperado último filme de 2021 da Disney pelo MCU, chegou aos cinemas com direção de Jon Watts, e o já conhecido elenco estrelado por Tom Holland (Peter Parker) e Zendaya (MJ), além da participação de Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho) trazendo aspectos do mundo místico da Marvel.

Roteiro

 

O filme segue do ponto exato em que termina 'Longe De Casa', e vai explorar as consequências de Mysterio ter revelado a identidade secreta do Homem-Aranha ao mundo, e como Peter, Ned (Jacob Batalon), Tia May (Marisa Tomei) e MJ reagem aos insultos de parte da população e da imprensa.

Nesse contexto, Peter recorre à uma atitude radical, pedindo a ajuda de Doutor Estranho para que o mundo esqueça sua identidade. O feitiço, entretanto, acaba saindo fora do controle, e personagens de outros universos são puxados para o mundo de Peter. Dentre eles Dr. Octopus (Alfred Molina), Duende Verde(Willem Dafoe), Electro (James Fox), Homem Areia (Thomas Haden) e Lagarto (Rhys Ifans).

O roteiro no geral é simples: Parker precisa capturar cada um deles e devolver para seus respectivos universos. Nisso a trama se desenrola. 

Algumas resoluções da narrativa são por vezes fracas, e existem alguns furos, que não prejudicam a obra, mas estão lá. Outro ponto negativo, pelo menos na primeira metade do filme, são as piadas que param a história para que possam serem contadas. E essas sim, tiram a imersão. Felizmente, a partir da segunda metade as piadas passam a ser mais naturais e eficazes.

É na segunda metade do longa também que temos os melhores diálogos. Diálogos leves, nostálgicos e que se encaixam perfeitamente com as circunstâncias.

'Sem Volta Para Casa' justifica até mesmo as escolhas na caracterização de Peter Parker dos dois filmes anteriores. Os dilemas morais aos quais o herói sempre esteve sujeito, serão construídos e consolidados efetivamente de maneira ímpar neste terceiro longa.

A sombra de querer assumir o posto do Homem de Ferro, como havia em 'Longe de Casa', é totalmente esquecida, e Parker se assume como o Homem-Aranha. Essa é a qualidade mais preponderante para o personagem, pois lhe agrega uma carga dramática, moral e de heroísmo que é muito própria dele nas HQs. (Confira mais sobre isso também em A Trajetória do Homem-Aranha Nos Cinemas)

É um dos filmes da Marvel que mais se importa em trazer ao protagonista o amadurecimento, entendimento de si e transformação. O Peter Parker de Tom Holland evolui para um patamar muito mais alto.

Doutor Estranho e O Amigão da Vizinhança

Strange é um dos pilares que fazem o filme se mover, mas também é ele que causa as maiores estranhezas (com perdão do trocadilho) no roteiro. Por se tratar de um personagem muito poderoso, e pela exigência do longa de "silenciá-lo" por um certo tempo, as desculpas para como essas coisas se dão são pouco plausíveis. O feitiço que Strange concede ao Peter, e tudo o que move o desenrolar funciona, e as inconsistências chegam em seguida.

Sabiamente, ao final, o longa sabe resolver muito bem as relações entre os personagens, e toda construção do herói Homem-Aranha se consolida tão bem, que as inconsistências parecem pequenos grãos de areia em relação ao que está apresentado.

As reviravoltas e acontecimentos são ótimas, e a resolução de toda a problemática que se cria é simples e coerente.

Ned assumi o aspecto mais cômico, com piadas por vezes repetitivas. MJ está bem inserida na história, e coloca uma carga dramática intensa que ajuda muito na construção desse novo Peter. Tia May também assume esse papel, e atua de forma mais cirúrgica e poderosa que nos outros dois filmes.

Jon Watts não se preocupa em introduzir os vilões. Na verdade, fica bem claro que eles estão ali não para estabelecer uma profundidade ao grupo, mas para que a ideia do que realmente importa seja edificado. Quem vai assumir uma postura de antagonismo mais forte é a figura do Duende Verde, que está impecável. Octopus e Duende entregam as melhores cenas de ação do filme, que no geral são ótimas.

Electro e Homem Areia funcionam bem. Infelizmente o Lagarto está aquém do que se pode esperar de uma produção da Marvel. Em tela ele soa cartunesco e até mesmo bobo.

Em quesitos um pouco mais técnicos, a fotografia é ótima, bem como as coreografias e os textos em diálogos; salvo as de Flash (Tony Revolori) e alguns de Ned. Em outros momentos, como na luta entre Duende Verde e o Aranha num prédio, a iluminação fica um pouco escura.

Considerações Finais

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa se coloca como um dos filmes vitrine do MCU que encherá os olhos dos fãs de heróis de brilho, mesmo que não seja o melhor filme da "Casa Das Ideias". Peter se assume o herói que precisa ser, o que ele realmente ecoa como símbolo dentro da cultura Geek desde sua criação, e começa a pavimentar um caminho nos cinemas no qual o horizonte se desenha muito mais iluminado.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Ano:2021

Empresa:Disney

Gênero:Super-herói; fantasia; ação/Aventura

Direção:Jon Watts

País de Origem:Estados Unidos

Duração:148min

Nota do avaliador:

Ótimo