Com a quarta fase da Marvel em jogo, Shang-Chi chega com a obrigação de apresentar uma nova leva de personagens e uma nova atmosfera. Dirigido por Destin Cretton, o longa aposta na antiga fórmula do MCU para dar origem à um dos maiores artistas marciais da "casa das ideias".
Roteiro
Shang-Chi tem por desafio apresentar uma história de origem, o que não é, por natureza, algo tão simples. Verificando os filmes passados de origem do MCU como Capitão América: O Primeiro Vingador, Thor, Capitã Marvel, Incrível Hulk e demais, são medianos.
Nessa perspectiva Shang-Chi está mais maduro e comete menos erros que seus antecessores, oscilando entre boas piadas, e outras que atrapalham a narrativa, momento em que a fórmula da empresa tira o espectador da imersão do longa.
Os alívios cômicos funcionam até parte do filme bem como os personagens que representam esses alívios. Katy tem bons momentos, principalmente na primeira metade e nas cenas de ação. Trevor, ao contrário, soa muitíssimo cartunesco e até mesmo bobo. Porém, no espectro geral, a química dos personagens funcionam bem.
O protagonista não tem uma grande presença, impactante ou algo do tipo. Na verdade, essa nem parece ser a proposta do longa. Ele é apresentado como um rapaz descolado, que precisa pagar suas contas, e sai para curtir a vida. Lembra um pouco o status quo de Peter Parker, e funciona muito bem, fica muito fácil se identificar com Shang-Chi, apesar de sua vida rotineira não ser tão bem apresentada.
Lutas e Dramatização
Sahng-Chi possuí excelentes cenas de luta, com coreografias lindas e diferentes do usual que se vê na Marvel. Toda a sequência final é extremamente empolgante nesse sentido, principalmente em ver Shang-Chi usando os Dez Anéis bem como quando sua irmã Xialing está em ação.
A dinâmica dos Anéis em relação ao seu usuário funciona muito bem. Uma ótima adaptação do que era nos quadrinhos e se tornou no longa.
Entretanto, o filme tem alguns pontos baixos na dramatização de seus personagens e desenvolvimento. Shang-Chi possui um carisma razoável, que é impulsionado por Katy, porém os traumas de seu passado não tem tanto poder dramático quanto poderia. Fica faltando também algumas resoluções mais cirúrgicas como a relação de Shang-Chi com sua irmã.
No geral o longa cumpri muito bem sua proposta, e realmente leva as cenas de ação ao máximo. Em alguns momentos existem umas resoluções de roteiro simplista demais, que não detém valor suficiente em si para convencer o espectador. De todo modo, não deixa de ser, em instante algum, um bom filme de super-herói.
Tony Leung faz uma ótima atuação e entrega um antagonista satisfatório, algo que nem sempre a Marvel fez com maestria. As motivações dele são bem plausíveis, ao mesmo tempo em que filme sempre passa a impressão de que ainda falta algo para ser acrescentado, uma revelação um pouco mais acentuada; os motivos de Chiu-Wai são bons, mas seu desenvolvimento soa exíguo. Não só para ele, como para quase todos os personagens centrais.
Considerações Finais
Apesar do longa ser devedor em alguns aspectos, tudo que ele faz é satisfatório. Não existi em si nada negativo, só um sentido de "precisa de algo mais", um brilho, uma singularidade. Entretanto, Shang-Chi acrescenta com sucesso mais um forte personagem para o MCU, e começa a preparar seu terreno para o que está por vir.
