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Análise | O Esquadrão Suicida

'O Esquadrão Suicida' abre com maestria uma nova perspectiva para os filmes da DC

Geraldo Campos 07 de ago. de 2021Atualizado em 08 de ago. de 2021

Dirigido por James Guun, 'O Esquadrão Suicida' (2021) é um filme da Warner que busca se desvincular de seu antecessor lançado em 2016. Com elenco e direção renovados, o novo longa traz uma visão da equipe muito mais sarcástica e condizente com a própria proposta, sem deixar de se levar minimamente a sério.

Roteiro

O roteiro é relativamente simples: O Esquadrão está em um ponto 'A' de uma cidade Sul americana chamada Corto Maltese, e precisa chegar ao ponto 'B', onde irão destruir um gigantesco laboratório que abriga um mostro extraterrestre e todos os arquivos relacionados ao mesmo. Existe também, de pano de fundo, uma situação política delicada de um recente golpe de estado, e quem assumi o país é um anti-americano. Por isso a preocupação de Argus e Amanda Waller; líder da Força Tarefa X.

O que vale de mais importante nesse filme é a capacidade de divertir o espectador ao mesmo tempo que conta bem a história. Todos os personagens são extremamente carismáticos, e as piadas são muito boas; todas elas. O primeiro ato do filme lembra um pouco 'Deadpool' em certo ponto, mas conforme o enredo vai ficando mais recheado existe uma preocupação de inserir um pouco mais de seriedade sem perder o bom humor; humor esse que varia entre piadas mais leves e mais pesadas, mas sempre encaixada de forma inteligente.

'O Esquadrão Suicida' possui uma singularidade ímpar em conseguir fazer tudo o que propõem de maneira eficiente, engraçada e relativamente emotiva.

O Esquadrão Suicida/DC

O longa introduz seus personagens de forma brilhante. Arlequina (Margot Robbie) dispensa apresentação, mas outros ainda desconhecidos do público como Bloodsport (Idris Alba), Pacificador (John Cena), Ratcatcher (Daniela Melchior) e o próprio Tubarão, conquistam rapidamente sua simpatia com pouco tempo de tela e uma química interessante e bem sucedida entre eles em diálogos mais emotivos que vão ocorrendo.

O protagonismo está bem distribuído, e apesar da Arlequina ter um maior apelo inicial pelo público, James Guun não concentra todo filme nela, e joga boa parte da responsabilidade do longa em Bloodsport e Ratcatcher, criando uma relação entre os dois quase que de pai e filha.

Numa cajadada só

James Guun mistura os "estados de espírito" do filme de forma bem diferente e que funciona. No começo temos aquele tom que parece não se levar muito a sério, esse humor é mantido mas, em seguida, surge um peso mais dramático, conforme os personagens se desenvolvem. No terceiro ato do longa existe uma pegada otimista que condiz com a equipe em si (por todos serem meio malucos), mas que não contrasta com o número de morte de inocentes e das circunstâncias como um todo. Isso não é um aspecto negativo, pelo contrário, corresponde muito com o que já vinha sendo apresentado e com a psique do grupo.

No mesmo ato se encontra também uma espécie de redenção dos personagens, principalmente do Bloodsport, e um ar nostálgico e reconciliador com o passado por parte da Ratcatcher, que possui um tom meio 'Pixar' , e que surpreendentemente funciona.

O Esquadrão Suicida/DC

Harley Quinn, ao final, ganha um ar poético que beira a insanidade perante as circunstâncias, fazendo jus a sua loucura e maneira de ver as coisas; é como se fosse visto a situação à sua maneira.

Um ponto muito positivo é que o roteiro não se preocupa muito em dizer com o que aconteceu com cada um dos personagens depois. Esse é o ar e a ideia da equipe, todos são plenamente descartáveis, e Guun entende isso desde o começo.

O Esquadrão Suicida/DC

A atuação dos atores é ótima, Bloodsport está excelente e possivelmente até ganhará mais destaque nos quadrinhos de agora em diante. Vale lembrar a participação de Alice Braga no filme, atriz brasileira e que manda muito bem.

O filme ganha mais pontos por fazer leves críticas principalmente aos Estados Unidos e sua relação geopolítica e coloca um limite moral até mesmo para O Esquadrão Suicida, ou seja, ao final da história, a impressão que fica é que os membros do Esquadrão são os heróis e as políticas e o pensamento protecionista estadunidense é o real vilão.

Considerações Finais

'O Esquadrão Suicida' é um dos melhores filmes da DC, guardada as propostas de cada um. Tudo o que ele se propõem a fazer ele faz com maestria, saldando a real ideia da equipe desde lá das HQs. Um longa divertido, frenético, emotivo e com temas atuais e que tem a capacidade de colocar o espectador em reflexão mesmo com sua temática humorística e sarcástica.

O Esquadrão Suicida

Ano:2021

Empresa:Warner

Gênero:Ação/Aventura; Super-herói

Direção:James Guun

País de Origem:Estados Unidos

Duração:2h 12min

Nota do avaliador:

Excelente