Depois de ter sido adiado em 2020 por conta da COVID-19, 'Viúva Negra' finalmente chegou as telonas e ao Disney Plus em 8 de julho deste ano (2021). Dirigido por Cate Shortland e com duração de pouco mais de duas horas, o longa está longe de ser um filme de origem, mas acrescenta e exemplifica as motivações da personagem ao decorrer do MCU.
Roteiro
Apesar de ser o primeiro filme solo de Viúva Negra, o longa não vai essencialmente explorar a origem de Natasha, pelo contrário, ele evoca elementos de seu passado para contar uma história que se passa entre os ocorridos de Capitão América: Guerra Civil e Os Vingadores: Guerra Infinita. Partindo, pois, do pressuposto que o público já a conhece, é apresentada sua irmã, Yolanda, unindo com ela forças para derrotar a "Sala Vermelha", que cria e comanda a mente de todas as Viúvas espalhadas pelo globo.
Além de Yolanda é apresentado Alexei (David Harbour), o Guardião Vermelho, e Melina (Rachel Weisz), espiã e cientista russa, que teriam vivido três anos juntos sobre o disfarce de pais de Natasha e Yolanda, para que se infiltrassem secretamente na S.H.I.E.L.D. Dado esse fato, existe então um sentimento de cunho afetivo-familiar entre os quatro, que o filme até tenta desenvolver, mas peca pelos diálogos fracos e que mudam de tom de uma hora para outra.
Felizmente as irmãs conseguem construir uma química pouco melhor, justamente por terem juntas um tempo de tela maior.
Todavia, nas entrelinhas do filme, deixado em pequenas frases e intervenções de Natasha, é resgatado o peso sentimental que os Vingadores tinham sobre ela. Romanoff nunca teve uma família propriamente dita, e os Vingadores, ressaltando a imagem de Clint Burton (Gavião Arqueiro) e Steve Rogers (Capitão América) como cernes, foram o mais próximo de uma família em sua vida adulta. Isso diz muito sobre sua decisão de "trair" Tony Stark em Guerra Civil.
'Viúva Negra' lança sobre Natasha uma nova perspectiva de seus porquês, e justifica seus passos dados por todos os demais filmes do MCU; essa é a real contribuição deste longa.
O primeiro ato do filme, com destaque ao que se passa na Guerra Fria, é um dos pontos mais altos, seguido de um segundo ato por vezes cansativo, e finalizando de forma muito frenética e satisfatória, com saídas inteligentes e cenas empolgantes.
Infelizmente os antagonistas são relativamente fracos. O Treinador, que no primeiro ato do filme chama atenção, acaba perdendo presença, e o real antagonista do filme é clichê e pouquíssimo aprofundado.
Duro de Matar
'Viúva Negra' possui cenas de ação de alta adrenalina e isso numa frequência relativamente presente em todo ele. Todas as cenas são muito bem coreografadas e os efeitos visuais são satisfatórios, salvo uma explosão ou outra.
Nesse sentido Natasha remonta 'Duro de Matar', não em narrativa, mas existe esse excesso de experiências e dores físicas que o protagonista passa, e que faz o espectador vibrar em: "Nossa! Ela é casca grossa mesmo!". E de certa forma esse é um recurso bem utilizado, visto que é impossível ela correr algum real perigo de vida já que sabemos seu destino.
O longa é muito inteligente também em reaproveitar a mesma estratégia de reviravolta que em Capitão América: O Soldado Invernal, de forma que possui seu brilho próprio dada as circunstâncias. E nisso se encontra o sucesso da obra em ser um bom filme de ação e espionagem, somado ao detalhe de estar no universo Marvel, permitindo algumas extrapolações.
Faltou, ainda assim, um apelo um pouco mais dramático na química dos personagens, sem considerar as piadas que não funcionam, e que ao invés de criar uma empatia entre espectador e a equipe, acaba por tirar a imersão.
Considerações Finais
'Viúva Negra', visto como um filme isolado do MCU, entrega uma experiência bacana, que entretém, mas que é raso ao desenvolver seus personagens coadjuvantes. Porém, visto sob o semblante do universo Marvel, ele dá sustentação à toda trajetória de Natasha Romanoff, torna seu final em Ultimato uma espécie de redenção, mas ainda assim carece em desenvolver aquilo que apresenta de inédito.
