Crise nas Infinitas Terras foi originalmente publicada ao decorrer do ano de 1985 pela DC comics em 12 edições; escrita por Marv Wolfman (Batman, Titãs) e desenhada por George Pérez (Mulher Maravilha, Titãs). Aqui no Brasil ela chegou pela Panini Comics em uma edição definitiva de luxo com capa dura, contando com 486 páginas, reunindo todas as revistas além de conteúdo extra.

Roteiro

Crise nas Infinitas Terras tinha por objetivo algo muito claro: colocar ordem no universo DC. Na época, existiam tantas terras diferentes no Multiverso, que nem mesmo os editores sabiam mais direito de que Terra pertencia cada personagem. Para resolver esse problema, chamaram Marv Wolfman e George Pérez como equipe criativa, e colocaram a “bomba” na mão deles. Foram quatros anos estudando toda a cronologia DC para se criar uma história que significasse um fim, para se dar início a um novo começo. E nesse quesito eles tiveram grande sucesso.

Na história, universos inteiros estão sendo destruídos por um poder chamado de “anti-matéria”, controlado por um ser até então desconhecido, que cabe aos heróis das Terras 1 e 2 destruir. Colocando assim até parece que a sinopse é simples, mas não se engane. É necessário que o leitor tenha o mínimo de conhecimento prévio sobre alguns personagens e suas respectivas cronologias.

Tendo esse domínio, os acontecimentos se tornam de mais fácil entendimento, e esse é um ponto surpreendente da HQ; apesar da infinidade de personagens e acontecimentos que vão sendo contados através das páginas, ela em nenhum momento se torna confusa. Para se ter noção, se fazem presentes os Titãs, a Liga da Justiça da América, a Sociedade da Justiça, a Tropa dos Lanternas Verdes, A Bat Família, a Patrulha do Destino, os sobreviventes de Krypton, a família Shazam e mesmo assim não foi dito aqui nem a metade do total.

O Antes e o Depois

De fato é um crossover épico, Era de Ouro e de Prata dos quadrinhos interagindo sem limites para o que se tem ideia do que pode acontecer. É possível para o leitor sentir o peso das baixas tanto por parte dos heróis, quanto por parte dos vilões. A forma como os poderes, a magia e a ciência trabalham juntas para deter a grande ameaça, também é muito interessante de ser observada.

Se fosse para pontuar defeitos à obra, um aspecto talvez pudesse ser citado: a linguagem ficou um pouco datada, o que pode desestimular alguns leitores mais novos. Assim, não espere em nenhum momento uma leitura rápida e super dinâmica, a linguagem de quadrinhos mudou muito de lá para cá, e Crise estava justamente no meio desse processo de metamorfose. Entretanto, isso não pode nem ser necessariamente listada como um defeito; o tempo passou, e as coisas simplesmente não são mais como eram antes, e isso em nada altera a magnitude e importância da obra.

Arte

Se Marv Wolfman faz seu trabalho com excelência, George Pérez não se dá ao luxo de fazer menos do que isso. É inacreditável a quantidade de caracteres e o nível de detalhamento por quadro. Pérez tem ótimos trabalhos como em Titãs e Mulher Maravilha, porém em Crise ele está em seu auge; sem considerarmos as capas, que são um show à parte.

Não poderiam, naquele momento, terem escolhido desenhista melhor ou mais bem preparado do que George Pérez para os desenhos, sem contar que o artista já havia uma afinidade com Wolfman ao trabalharem juntos em Titãs, o que facilitou o entendimento de como contar uma história entre ambos.

Considerações Finais

Crise nas Infinitas Terras é um divisor de águas entre a Era de Prata e a Era de Bronze das HQs. É uma obra que reúne tudo o que a DC significava como mídia de entretenimento da época, com momentos de subir a adrenalina do leitor causando euforia e ansiedade, ao mesmo tempo que se vislumbrava o fim de um antigo universo e o início de um novo. Uma história de fã para fã, que requer conhecimento prévio para uma total experiência, mas que dentro de toda a sua complexidade, se faz entendida para todos.