Os seis episódios de Cavaleiro da Lua já estão todos disponíveis no Disney Plus, dando início à sequência de séries da Marvel para o ano de 2022. A produção traz a atuação atuação Oscar Isaac como o protagonista Marc Spector, May Calamawy e Ethan Hawke. Moonknight chega com uma temática aparentemente nova, decorada com elementos da mitologia egípcia, com a direção de Mohamed Diab.
Roteiro
A história consiste na seguinte premissa: Arthur Harrow (Ethan Hawke) é um fiel servo da antiga deusa egípcia Ammit, a qual ele e seus seguidores querem libertar para "purificar" a humanidade eliminando todos aqueles que ela julgue indignos. Do outro lado temos Marc Spector, avatar do deus Khonshu, mas que sofre de múltiplas personalidades.
Vamos lá... o primeiro episódio é bom. Ele parece tentar criar um ambiente mais sombrio que as demais produções da Marvel, trazendo umas pitadas de suspense intrigantes quanto aos problemas de personalidade de Marc, somado à mitologia egípcia tão rica e particular. Porém, tudo isso se perde a partir do segundo episódio.
As soluções narrativas são muito fracas. Lembram-se lá em 2019, o filme da Capitã Marvel, que mais parecia um spin-off que ligaria Guerra Infinita com Ultimato, entregando um filme aquém de mediano? Cavaleiro da Lua parece exatamente um spin-off, mas diferente de Capitã, não liga nada a ninguém.
Os dilemas que a Marvel poderia explorar, as camadas psicológicas que poderiam ser aprofundadas dada as características do personagem, eram vastas. E não bastasse, já estava tudo escrito desde 2016 por Jeff Lemire.
Talvez, por uma decisão executiva, optaram por não deixar tão complexa a história, e até mesmo com algumas nuances de terror. Sem problemas. As mídias precisam se adaptar e conversar com o grande público, entretanto nem um bom refúgio de entretenimento e diversão foi entregue.
As cenas de ação são fracas, as resoluções de roteiro desafiam assustadoramente a inteligência do espectador, descreditando todo o arco de redenção do próprio protagonista.
O que ajuda, de fato, é a atuação de Oscar Isaac; que é brilhante. Ele transforma água em vinho (de Steven para Marc), de uma maneira surpreendente. E está muito bem acompanhado de May Calamawy como Layla, apesar do roteiro não suportar de forma eficaz o tempo de tela ideal para o desenvolvimento do par romântico.
O Pouco Caso do Egito
Se tem um ponto muito forte que também prejudica a série é a adaptação dos Deuses. O descuidado com a mitologia egípcia, a maneira como tudo vira um teatro amador quando todos os Deus se reúnem para discutir as questões que estavam postas em jogo, bem como nas batalhas do episódio seis, soa inacreditável.
Façam uma comparação simples, não precisamos sair do MCU para saber que poderiam sim, ter feito algo melhor. A constituição da adaptação da mitologia nórdica, no universo de Thor, é um grande mérito. Agora, não existem comparações, na própria Marvel, com o descuidado ao abordar uma mitologia como o que foi feito em Cavaleiro da Lua.
Fato é que a Marvel está com dificuldades de apresentar novos personagens desde Ultimato. Eternos (2021) não é um mal filme, mas assim como Moonknight, é medroso, e não se aprofunda nas temáticas mais poderosas com medo de não atingir o grande público. Mas, se esquecem que, não se aprofundar nas temáticas relevantes, é tornar os próprios personagens irrelevantes. Capitão América é o que é pois exploram seus ideais, Homem de Ferro é o que é porque falaram de alcoolismo sem medo, e, ao mesmo tempo, seus dilemas e heroísmo.
O mais trágico é ver ótimos atores inseridos nesse contexto.
Considerações Finais
Cavaleiro da Lua é muito provavelmente o maior descaso da Marvel quanto a um de seus personagens. Não só personagens, mas criação de um micro universo dentro das relações já estabelecidas do MCU. Tomara que essa série sirva de aviso aos fãs e sobretudo para a empresa, que a fórmula precisa de revisão, e que a novidade pela novidade sem conteúdo não é o bastante.
