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Análise | The Witcher - Segunda Temporada

The Witcher desliza entre acertos e erros persistentes

Geraldo Campos23 de dez. de 2021Atualizado em 23 de dez. de 2021

Dirigido por Lauren Hissrich, a segunda temporada de The Witcher, entrou no catálogo da Netflix no dia 17 de dezembro, trazendo mais oito novos episódios de praticamente uma hora cada. A série conta com um protagonista de peso e já conhecido do mainstream, Henry Cavill (Geralt de Rívia), além de Freya Allan (Cirilla) e Anya Chalotra (Yennefer).

Roteiro

Depois de sua primeira temporada, The Witcher tinha todos os instrumentos em suas mãos para entrar na jornada de Geralt, Yennefer e Ciri, com o importante plano de fundo das perseguições contra os elfos e a guerra dos Reinos do Norte contra Nilffigard, mas sempre tendo em vista o poderoso sangue ancestral que corre nas veias da "leoazinha de Cintra".

A série dá conta de abranger todos esses elementos. Alguns de forma empolgante, outros nem tanto. Começando com a relação entre Geralt e Ciri, que peca em provar o "paternalismo" do Lobo Branco. Ele é colocado como a figura do pai, e isso é dito por vários momentos pelos próprios personagens, entretanto, falta momentos e diálogo entre os dois que aprofundem seus laços de afeto.

O fator "destino", ao qual o roteiro tanto se apega, não é suficiente para convencer de que seja o bastante. A ausência de uma troca mais intensa de ideias, vivência e virtudes entre os dois, torna essa relação de paternidade meramente falada e que não se sustenta.

Em contra partida, os atores estão mais maduros em seus papéis. Cavill melhora muito como Geralt; Jaskier não é mais aquele cara, por vezes chato, como na primeira temporada; Fringila ganha uma posição muito mais interessante no roteiro, e no geral, todos os personagens que já haviam sido apresentados ganham mais profundidade e destaque.

Quanto aos novos personagens é que a série erra. Eskel é utilizado de maneira à machucar a obra original dos livros. Vesemir também está mal caracterizado. Na verdade, toda Kaer Morhen está mal caracterizada.

Outro ponto que parece desnecessário é a inclusão inédita que a série faz ao universo de The Witcher; a antagonista Voleth Meir. Não é que seja ruim, mas é algo que criaram sem a menor necessidade e que em si, não agrega em nada ao Universo de The Witcher.

O final também deixa a desejar. Kaer Morhen perde aquela aura de "casa/lar" para dar espaço para uma luta mal pensada, em momentos que Geralt parece indiferente com tudo que está acontecendo ao seu redor.

Geralt Em Alto Nível

A caracterização de Geralt está impecável. As cenas de ação são ótimas, principalmente quando o Lobo luta contra humanos. A série faz questão de mostrar como o protagonista está num nível de habilidade, tanto em combate quanto em conhecimento e domínio do sinais, que vai muito além de qualquer outro bruxo.

A CGI e os monstros estão infinitamente mais legais que a temporada passada. O destaque vai sobretudo para o primeiro episódio que adapta o conto "Um Grão de Veracidade", um dos melhores da franquia, em que Geralt enfrenta uma lâmia.

Toda fotografia e ambientação é boa, mas a do primeiro episódio enche os olhos.

Na verdade, o que mais prejudica a série, de maneiro irônica, é justamente pelo fato do primeiro episódio ser tão bom, que as expectativas se elevam para um nível que os sete episódios seguintes não são capazes de alcançar, sobretudo no que diz respeito a química dos personagens e caracterização dos novos bruxos.

Considerações Finais

Aquilo que The Witcher preserva dos livros de Andrzej Sapkowski está muito bem posto. Aquilo que The Witcher adapta para que se encaixe melhor à linguagem da mídia televisiva, está bom. Naquilo que ele tenta mudar ou inovar, são poucos os acertos. Ainda assim, Henry Cavill brilha na interpretação do Lobo Branco e se faz poderoso todos os instantes que está em cena.

The Witcher - Segunda Temporada

Ano:2021

Empresa:Netflix

Gênero:Fantasia

Direção:Lauren Schmidt Hissrich

Episódios:8

País de Origem:Estados Unidos/Polônia

Nota do avaliador:

Bom